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Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)

1) O que é a síndrome dos ovários policísticos ou simplesmente ovários policísticos?
R: Com o surgimento, há cerca de 30 anos, do ultrasom, houve um aumento do diagnóstico de ovários policísticos. Entretanto, a verdadeira síndrome dos ovários policísticos é definida quando houver no mínimo dois dos três sintomas seguintes:
a) imagem pelo ultrasom de ovários policísticos. Nesse caso, é fundamental que se saiba que os cistos (pelo menos 12 em cada ovário com menos de 10mm de diâmetro e ovário com volume acima de 10 cm³) estão principalmente na periferia do ovário. É diferente do ovário multifolicular, que tem os cistos em menor quantidade e espalhados de forma homogênea por todo órgão e não deve ser chamados de ovário policístico.

COMO É VISTO O OVÁRIO PELO ULTRA-SOM

b) ovulação deficiente e, muitas vezes, falta de menstruação.
c) sinais clínicos ou laboratoriais que demonstram o aumento dos hormônios masculinos, como crescimento de pelos em lugares do corpo não comuns nas mulheres (hirsutismo), acne e espinhas.

2) Quais são outras alterações observadas na síndrome dos ovários policísticos?
R: Pelo menos metade delas são obesas e muitas apresentam respostas orgânicas exageradas ao estímulo da insulina. A insulina é um hormônio fabricado pelo pâncreas. A falta dele causa a doença diabetes. Em algumas pacientes com ovários policísticos, o organismo é menos responsivo a esse hormônio, o que determinará alterações da ovulação, formação de pequenos cistos ovarianos e um tratamento específico para esses casos. O exame indicado para esta avaliação é a dosagem de glicose e insulina em jejum.

3) Mulheres que apresentam somente sinais pelo ultrassom de ovário policístico sem desordens de ovulação ou sinais de masculinização devem ser tratadas?
R: Não. Somente devem ser observadas periodicamente e orientadas para observarem os outros sinais já descritos na resposta número 1 deste capítulo.

4) A SOP sempre causa infertilidade?
R: Não. Grande parte dessas mulheres ovulam de maneira desordenada, mas isso não significa que é impossível engravidar naturalmente. Esse conceito é fundamental, pois muitas mulheres engravidam numa época indesejada de suas vidas por acharem que isso jamais aconteceria.

5) Em resumo, quais são os exames importantes para o diagnóstico de SOP?
R: São:
– História clínica (perturbações menstruais – menstruações a cada dois ou três meses). – Exame clínico (avaliação do peso e avaliação da quantidade de pelos). Ultrassom endovaginal ou pélvico (se for virgem). – Dosagens hormonais: FSH, LH, testosterona, testosterona livre, prolactina, androsteredeona, sulfato de dehidroepiandros, glicemia de jejum, insulina e teste de tolerância à glicose.

6) Qual é o tratamento?
R: Basicamente são 3 possibilidades: 
a) tratamento geral: se a mulher for obesa é indicada reeducação alimentar, para que o peso atinja níveis satisfatórios compatíveis com sua estatura e constituição física. Muitas pacientes voltam a menstruar normalmente só pelo fato do seu peso estar próximo ao ideal. As medidas estéticas são importantes para que os pelos em excesso deixem de existir. É proibido arrancá-los ou usar lâmina, mas a eletrólise ou medidas corretas para correção do hirsutismo devem ser tomadas. Com essas atitudes, haverá também uma melhora de autoestima e um incentivo à continuidade do tratamento. 
b) tratamento hormonal: o tipo de medicação dependerá dos objetivos da paciente. Se a meta for engravidar, deverão ser receitados remédios indutores da ovulação com controle ultrassonográfico (clomifene ou gonadotrofinas). Nesse caso, o ovário policístico pode ter respostas surpreendentes, que vão desde não responder às medicações indutoras até a resposta exagerada, formando vários folículos com óvulos. Isso acarreta em perigo de gestação múltipla ou outras complicações mais graves (hiperestímulo). Se o objetivo não for engravidar, poderão ser dadas drogas que simplesmente regularizem a menstruação, como pílulas anticoncepcionais ou outros tipos de hormônios reguladores, como por exemplo a progesterona. Em qualquer uma das duas situações, o tratamento poderá ser completado com drogas antihormônios masculinos (antiandrogênicos) ou antidiabetes (metformina), para combater o efeito indesejado da insulina. 
c) tratamento cirúrgico: é reservado para casos especiais, quando todas as possibilidades de tratamento clínico foram esgotadas. O tratamento cirúrgico atualmente recomendado é a videolaparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva realizada em hospital, sob anestesia geral, com um único dia de internação e o retorno à vida cotidiana rapidamente.

7) Como age a metformina nos tratamentos de SOP?
R: A metformina diminui a insulina e isso ajuda a diminuir os hormônios masculinos produzidos pelo ovário, que ajudam a impedir uma ovulação adequada. Muitas vezes os efeitos positivos são observados após 6 a 8 meses depois do início da ingestão do medicamento.

8) É sempre necessário um tratamento?
R: Se as menstruações não forem regulares e sim esporádicas deverá haver um tratamento. As mulheres que menstruam a cada 2 ou 3 meses, ou mais tempo, têm chance maior de, a longo prazo, desenvolver câncer de endométrio (tecido que reveste o útero internamente). Isso acontece porque nesses casos o hormônio estradiol, que age continuadamente sobre esse tecido sem a ação oposta da progesterona por períodos longos, favorece o surgimento dessa doença. Ao se receitar o hormônio progesterona ou uma pílula anticoncepcional, esse efeito nocivo pode ser resolvido.

9) Por que as mulheres têm ovário policístico?
R: Ainda não se sabe o motivo pelo qual a mulher tem os ovários policísticos. Pode existir uma causa hereditária. Acredita-se que a causa dos ovários policísticos seja a incapacidade de produzirem os hormônios em proporções corretas, de maneira desordenada, impedindo que os folículos se desenvolvam sincronicamente. O motivo pelo qual isso acontece é desconhecido.

10) Existe relação entre SOP e abortamento?
R: Sim, existe essa relação. Por esse motivo, em alguns casos individualizados, a paciente grávida deverá receber uma suplementação de progesterona.