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A Fertilização dos 35 aos 45 anos

1) Existe limite de idade para ter filhos para o homem e para a mulher?
R: Existe, e nesse ponto o homem é privilegiado em relação à mulher. Embora o homem possa ter uma queda da fertilidade após os 45 e 50 anos, isso não o torna infértil, podendo ter filhos até os 70, 80 ou mais. Já a mulher, tem o seu relógio biológico com limites bem definidos. Dificilmente uma mulher consegue engravidar com os seus próprios óvulos após os 50 anos.

2) Qual o limite de idade para a mulher?
R: Para entender esse limite é importante conhecer como funciona o sistema reprodutor da mulher. Um bebê do sexo feminino ao nascer, tem 2 milhões de óvulos nos seus ovários. Ao chegar à puberdade, na primeira menstruação, esse número diminui para 300 a 400 mil óvulos. Esse número de óvulos disponíveis é chamado de Reserva Ovariana, que corresponde ao “estoque” de óvulos capazes de serem fertilizados. A cada ciclo menstrual natural, 1000 óvulos são estimulados espontaneamente, mas somente um deles chega à ovulação. Os outros 999 são perdidos, caem da cavidade abdominal e são absorvidos. Portanto, a cada mês são retirados do e após 25 anos já foram perdidos 300 mil. Portanto, após os 35 anos de idade começa haver uma redução importante dos melhores óvulos e após os 40 sobram muito menos. Geralmente, após essa idade, os que restaram são os de pior qualidade e mais difíceis de serem fertilizados e gerarem uma gravidez. Assim, o limite máximo da gravidez pode ser considerado 45 anos e em alguns casos muito excepcionais pode chegar até os 50 anos.

3) Mesmo que uma mulher menstrue normalmente aos 48 anos, a Reserva Ovariana estará prejudicada?
R: Sem dúvida nenhuma. É muito comum mulheres contestarem o argumento descrito na questão anterior por apresentarem menstruações regulares e concluírem com isso que podem ficar grávidas naturalmente. Não existe uma relação direta e obrigatória entre a menstruação e a Reserva Ovariana.

4) A Reserva Ovariana pode ser avaliada?
R: Sim. Pode-se ter uma boa ideia por meio de exames. Os mais importantes são:
a) FSH, LH e Estradiol: são exames de sangue hormonais e devem ser avaliados entre o 3º e 5º dia do ciclo menstrual. FSH maior do que 10 mlU/ml e estradiol maior que 35 pg/ml, geralmente sugerem uma má respondedora aos estímulos hormonais (Poor Responder). FSH menor que 10 mlU/ml e estradiol menor que 35 pg/ml geralmente sugerem uma boa respondedora aos estímulos hormonais. (Good Responder).
b) Inibina-B: é um hormônio fabricado pelas células dos ovários e indica a quantidade de óvulos disponíveis para serem fertilizados. Quando estiver com concentração abaixo do normal, significa que existe uma diminuição deste número e a capacidade de engravidar diminui.
c) Hormônio antimulleriano (AMH): é um hormônio fabricado por células do ovário (folículos) e dá uma ideia do número de óvulos existentes nos ovários capazes de serem fertilizados – a dosagem permite uma possível avaliação de longevidade reprodutiva. 
d) Ultrassonografia: realizado entre o 3º e 5º dia do ciclo menstrual, avalia o tamanho, o volume dos ovários e a presença de folículos iniciais (ou folículos primordiais). Ovários pequenos e sem esses folículos significa uma baixa reserva ovariana.

5) Se houver alteração nesses exames citados na questão anterior significa que a mulher não conseguirá engravidar?
R: Não obrigatoriamente. Significa que haverá dificuldades e que quanto mais esperar por um tratamento efetivo, pior serão os resultados.

6) Além das possíveis dificuldades em engravidar após os 35 anos, existem outros riscos?
R: Após os 35 anos, aumenta também a chance de malformações e de abortamentos. Entre os 35 e 40 esse aumento não é tão importante. Após os 40 anos fica mais evidente, e após os 45 passa a ser muito maior. É importante que o casal tenha consciência desse fato, principalmente próximo aos 45 anos, para que não cometam enganos e se arrependam posteriormente. Conheça a tabela abaixo.

Tabela original da Maternal Fetal Medicine: Pratice and Principles, Creasy and Resnick, eds. W.B. Saunders, Philadelphia, PA. 1994:71. Reproduzida com permissão do Editor.

Riscos de aborto conforme o aumento da idade materna

Tabela original da Reproductivwe Potential in the Older Woman De P. R. Gindoff e R. Jewlewicz. Fertility and Sterility. 46:989, 1986. Reproduzida com permissão do Editor.

7) Quanto tempo uma mulher deve esperar para engravidar naturalmente após os 35 anos?
R: O quadro abaixo resume o tempo de espera sugerido para o início da pesquisa das eventuais causas que impedem a gravidez.

Queda da Taxa de Fertilidade de acordo com a idade da paciente (valores e estatísticas que se aplicam às mulheres de uma maneira geral, podendo haver grandes variações de mulher para mulher).

8) Após o tempo de espera sugerido na pergunta anterior, qual deve ser o procedimento do casal?
R: Deverá procurar um especialista em Reprodução Humana ou pelo menos um ginecologista que tenha noções importantes sobre os fatos aqui relatados. Muitas vezes, ginecologistas sem experiência em infertilidade pedem que o casal espere o momento da gravidez sem prazo pré-determinado. Isso pode atrasar a pesquisa e tratamento. Nessa fase da vida da mulher, a atitude tomada deve ser objetiva pois, quanto maior a idade da mulher, menor será a chance de gestação.
Lembre-se:

Queda da Taxa de Fertilidade de acordo com a idade da paciente (valores e estatísticas que se aplicam às mulheres de uma maneira geral, podendo haver grandes variações de mulher para mulher).

9) Como deve ser a pesquisa e o tratamento?
R: Deve ser da maneira mais objetiva possível. Além do casal receber orientações sobre a alimentação adequada e procurar corrigir os maus hábitos como por exemplo, o cigarro; os exames investigativos deverão ser feitos todos de uma única vez. Evita-se assim idas e vindas e perda de tempo. Os tratamentos deverão ser indicados de acordo com os resultados encontrados. Caso não haja exames alterados,a espera pela gestação espontânea deverá ter um prazo estabelecido. Esse prazo poderá ter duração pequena proporcional também à ansiedade do casal. Muitos não aguentam esperar demais pela a ação da natureza.
Depois do prazo de espera encerrado, o tratamento deverá ser a Reprodução Assistida: Relação Sexual Programada, Inseminação Intrauterina (IIU) ou Fertilização In Vitro. A escolha de um dos tratamentos ou a decisão de passar de um para o outro deverá ser discutida com o profissional médico. Cada caso deve ser individualizado, mas sem dúvidas e, mais uma vez, sem perda de tempo.