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Inseminação Intrauterina (IIU)

IAIU – Inseminação Artificial Intra-Uterina

Para um melhor entendimento não deixe de ler o capítulo 10

1) O que é Inseminação Intrauterina (IIU)?
É a colocação do esperma dentro do útero por meio de um cateter flexível. Ao invés dos espermatozoides serem depositados na vagina, como numa relação sexual normal, eles são, depois de preparados no laboratório, depositados internamente no útero, próximo às tubas. Dessa maneira, a distância a ser percorrida pelo espermatozoide até o óvulo será menor e a chance de gravidez será maior quando comparada com uma relação sexual normal.

Esquema de inseminação

2) Em que situações é indicada a IIU?
R: Os casais candidatos são aqueles que têm um teste pós-coito deficiente (ver capítulo 3), maridos que apresentam no espermograma alterações discretas (subférteis), casais que realizaram tratamentos anteriores – como a relação sexual programada – que não proporcionaram resultados satisfatórios ou os que desejam um tratamento mais eficaz que a relação sexual programada, porém não tão sofisticado como a Fertilização In Vitro.

3) A preparação para a inseminação deve ser feita com medicamentos indutores da ovulação ou pode ser feita em um ciclo natural?
R: As duas possibilidades estão corretas. O ciclo natural normalmente garante presença de um único óvulo e, por isso, as chances de resultados positivos são menores. Entretanto, também evita a gestação múltipla. O ciclo induzido comumente aumenta o número de óvulos e, por esse motivo, a chance de resultados positivos é maior, mas também aumenta a possibilidade de gêmeos. Mesmo os ciclos induzidos com um único óvulo, podem levar a chance maior de sucesso que o ciclo natural por produzirem, provavelmente, um maior equilíbrio hormonal.

4) Quais são as chances de sucesso desse tipo de tratamento?
R: A taxa média de sucesso é ao redor de 15 a 20% por tentativa. Existem estatísticas mundiais que variam de 6 a 25%. As taxas mais baixas ocorrem quando existe apenas único folículo (ou único óvulo) e as mais altas quando existem um número maior, devido aos medicamentos que a mulher recebe (ciclo induzido). Outro fator é a avaliação do esperma. O sêmen que tiver qualidade melhor, concentração maior, uma boa morfologia e uma boa motilidade tem grande chance de resultados positivos. A repetição de duas a três tentativas pode aumentar a estatística de sucesso para 40 a 45%.

5) Quantas tentativas podem ser realizadas?
R: Vai depender de cada caso. Em média não se incentiva a realização de mais de três. Após esse número de tentativas as chances de sucesso diminuem muito. Dependendo do grau de ansiedade do casal após a primeira ou segunda tentativa, pode ser feita a opção por uma das técnicas que ofereça chance maior de sucesso.

6) Qual a chance de gestação múltipla?
R: Vai depender do número de óvulos que a mulher tiver no dia da inseminação. Em média, a chance é de 20%. Quanto maior o número, maior a chance de gêmeos. Uma quantidade excessiva pode gerar até trigêmeos ou quadrigêmeos. É necessário que se tenha cuidado nesse momento de decisão para evitar problemas indesejáveis. Quando houver muitos folículos ou óvulos e o casal não quiser arriscar uma gestação múltipla, o ciclo poderá ser cancelado ou convertido para Fertilização In Vitro, que oferece um controle melhor da possibilidade de gêmeos.

7) Como é feito o programa para Inseminação Intrauterina (IIU)?
R: O princípio é semelhante a relação sexual programada. A paciente deverá ir a uma clínica especializada no segundo ou 3o dia da menstruação para verificar, através do ultrassom, se existem cistos ovulatórios remanescentes do ciclo anterior. Se não houver, poderá ser iniciado o acompanhamento da ovulação. São realizados exames de ultrassom transvaginal a cada dois ou três dias, acompanhando o crescimento do(s) folículo(s) até alcançar(em) a dimensão aproximada de 18mm. O folículo aparece na ultrassonografia como uma bolinha preta redonda, dentro da qual se encontra um óvulo. Nesse momento é aplicada na mulher uma injeção chamada HCG para a maturação final dos óvulos. A ovulação deve ocorrer após um período médio de 36 horas (varia de 24 a 48 horas), quando deverá ser realizada a inseminação.

8) Podem ser feitas duas inseminações num mesmo ciclo? 
R: Sim, a dupla inseminação é uma alternativa. Alguns profissionais acreditam que, ao invés de realizar uma inseminação 36 horas após o medicamento HCG, poderá ser feita duas, 24 e 36 horas respectivamente. Alguns acreditam que a dupla inseminação pode oferecer resultados melhores.

9) Quanto tempo o espermatozoide sobrevive dentro do útero?
R: Numa relação sexual normal os espermatozoides podem permanecer vivos até cinco dias, embora o mais comum seja a sobrevivência máxima de três dias. Isso explica porque as mulheres que utilizam a “tabelinha” como contracepção, muitas vezes engravidam. O esperma preparado pela capacitação em laboratório especializado tem sobrevida menor, mas por serem espermatozoides de melhor qualidade, têm chance maior de fertilizar o óvulo. Por isso, mesmo que a inseminação não tenha uma perfeita sincronia com o dia da ovulação, a gravidez pode ocorrer. Por essa razão a relação sexual natural concomitante à Inseminação Intrauterina (IIU) pode ser uma boa opção.

10) E o óvulo, quanto tempo após a ovulação é possível de ser fertilizado nas tubas?
R: O óvulo sobrevive menos que o espermatozoide. Sua vida média dentro das tubas, local onde ocorre a fecundação, é ao redor de 12 horas e no máximo 48 horas. 11) Quais são as drogas utilizadas para indução da ovulação?São drogas injetáveis e/ou comprimidos. Cada profissional tem sua preferência. Elas podem ser únicas ou combinadas umas com as outras. Essas medicações imitam os hormônios já existentes no organismo, provocam um efeito somatório e, por isso, aumentam o número de óvulos.

12) Essas medicações engordam?
R: Elas podem, em algumas mulheres, provocar certa retenção de líquidos no organismo e levar a um aumento de peso transitório. Após o término do tratamento o corpo voltará ao normal.

13) Como é a participação do homem no dia?
R: Nesse dia, o marido ou o parceiro deverá chegar à clínica uma hora e meia ou duas antes da hora prevista da inseminação. O esperma é colhido por masturbação e encaminhado ao laboratório para o seu preparo, que é chamado de Capacitação Espermática ou Processamento Seminal. Existem várias técnicas para esse ato. Cada laboratório tem a sua técnica adequada que é ajustada de acordo com a qualidade do sêmen. Esse processo demora cerca de uma hora e meia. Os espermatozoides com melhor capacidade de fertilização são separados, colocados numa seringa com volume aproximado de 0,5ml e acoplada a um cateter flexível muito fino. Daí em diante o sêmen está pronto para ser injetado no útero da mulher.

14) Existe uma contagem mínima de espermatozoides para se realizar a inseminação?
R: Quanto menor for a concentração de espermatozoides, menor a chance de resultados positivos. Concentrações acima de 20 milhões são as que oferecem os melhores resultados. Entre 10 e 20 milhões obtém-se resultados aceitáveis. Abaixo de 10 milhões as chances são pequenas, devendo ponderar sobre a Fertilização In Vitro. Em caso de dúvida deverá ser realizada a Capacitação Prognóstica. Esse exame complementa o espermograma e avalia qual seria a concentração de espermatozoides de boa qualidade recuperados para uma inseminação. Se essa recuperação for satisfatória, poderá ser indicada a Inseminação Intrauterina (IIU).

15) E a inseminação propriamente dita?
R: A inseminação é um processo indolor com o mesmo desconforto de um exame ginecológico normal. A mulher deverá ficar em posição ginecológica. O profissional médico colocará o espéculo para visualização do colo uterino. Com uma gaze umedecida em soro fisiológico é feita a assepsia local. Logo após, uma assistente traz o sêmen já preparado, que é injetado no fundo uterino por meio do cateter que passa pelo canal do útero visto pela vagina (cervix). Esse processo não dura mais que cinco ou seis minutos (veja figura pág. 106).

16) Haverá necessidade de repouso?
R: A paciente deverá ficar deitada por vinte minutos após a inseminação. Depois desse período, é indicado uma vida normal sem restrições. Aquelas mulheres que realizam exercícios físicos de impacto, musculação ou atividades mais vigorosas deverão atenuar a sua performance. Exageros devem ser evitados.

17) Existe restrição das atividades sexuais?
R: Nenhuma. Após a Inseminação Intrauterina (IIU), o casal pode ter relações sexuais sem restrições. Ao contrário, é extremamente recomendado que no dia, após a inseminação, o casal “faça amor”. Quanto maior a concentração de espermatozoides que se aproximarem do óvulo, maior a chance de resultado positivo.

18) Existe alguma restrição alimentar?
R: Nenhuma.

19) A mulher deverá tomar medicamentos após a inseminação?
R: Normalmente é receitada a Progesterona, via oral ou via vaginal. Alguns profissionais preferem drogas injetáveis, isso é critério de cada um. Dosagens hormonais neste período ajudam a esclarecer se o ambiente uterino para implantação está favorável. Com a interpretação desses exames será feita a opção de aumentar ou não a dose ou acrescentar medicamentos.

20) Quantos dias depois da inseminação é conhecido o resultado?
R: Cerca de 16 dias após pode ser feito um exame de sangue, o ßHCG, que definirá o tão desejado resultado.

21) É comum ter sangramento ou cólica após a inseminação?
R: Não é comum, mas pode acontecer. Em algumas pacientes o útero reage ao meio de cultura de capacitação, que traz os espermatozoides e causa uma sensação de cólica, mas não há prejuízo no resultado do tratamento. Outras pacientes, quando ovulam normalmente, têm um pequeno sangramento causado pela variação hormonal. O sangramento pode ocorrer também decorrente da passagem do cateter pelo canal cervical. No caso de cólicas podem ser tomados medicamentos antiespasmódicos.

22) É necessária abstinência sexual antes da inseminação?
R: Normalmente recomenda-se uma abstinência de 72 horas. Entretanto, por alguma razão, isto não seja possível, não haverá grande prejuízo do resultado. Este detalhe depende muito da qualidade do sêmen do homem. Ter uma relação sexual no dia que antecede a inseminação pode ser também uma boa opção para aumentar as chances de sucesso.

24) Qual a diferença deste processo quando é utilizado sêmen de doador proveniente de Banco de Sêmen?
R: O processo é praticamente idêntico. A diferença consiste na procedência do esperma. Ele deverá ser trazido do Banco de Sêmen, congelado ou não, e preparado da mesma forma que o sêmen quando ele é do próprio parceiro. O Banco de Sêmen é utilizado em homens azoospérmicos (que não têm espermatozoide) ou nos que têm anomalia genética cromossômica que podem ser transmitidas ao futuro bebê.

25) Qual a diferença entre Inseminação Intrauterina (IIU) e Fertilização In Vitro?
R: Muitos pacientes confundem estes dois processos. Na Inseminação Intrauterina (IIU) são colocados espermatozoides dentro do útero, enquanto na Fertilização In Vitro são colocados embriões. A Fertilização In Vitro garante uma chance maior de resultado positivo pois, estão sendo colocados embriões numa fase adiantada de divisão celular ao passo que na inseminação os espermatozoides terão que alcançar até o óvulo dentro da tuba para ser fertilizado e depois o embrião deverá retornar ao útero. A inseminação diminui a distância a ser percorrida pela célula sexual masculina e facilita a fecundação, mas não é tão eficaz quanto a Fertilização In Vitro que é um processo muito mais complexo.

26) Um homem com vasectomia ou uma mulher com laqueadura pode realizar Inseminação Intrauterina (IIU)?
R: Não. É impossível acontecer a gravidez nestes casos, pois o homem com vasectomia não elimina os espermatozoides na ejaculação. Nas mulheres com laqueadura, o trajeto a ser percorrido pelo espermatozoide para encontrar o óvulo está obstruído, e por isso, jamais se encontrarão, sendo impossível a fertilização dentro do organismo. Se não for feita a reversão, somente por meio de Fertilização In Vitro será possível a gestação.